Cigana Fátima Amaya

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Mulheres Celtas

A beleza das mulheres celtas foi decantada pelos autores clássicos.
Seu ar imponente, suas vestes e adereços deveriam fazer delas uma visão sem dúvida formidável aos olhos de gregos e romanos.
Orgulhosas, elas usavam joias em ouro, contas e pedras preciosas, e a igualdade de direitos lhes dava ainda mais força.


A sexualidade segundo os Celtas



A sexualidade não era algo de que os celtas se envergonhassem, pelo contrário: nas palavras de Diodorus Siculus:

 "elas geralmente cedem sua virgindade a outros e isto não é visto como uma desgraça: pelo contrário, elas se sentem ofendidas quando seus favores são recusados".

Jean Markale em seu livro La Femme Celte Mythe et Sociologienos explica que a sexualidade – principalmente a feminina -, era tratada com naturalidade, pois ela é inerente a natureza humana e não podia ser reprimida o que infelizmente, a partir do século V com a chegada do bispo Patrício e do cristianismo passou a receber a conotação pecaminosa, conceito imposto pelo cristianismo.



Numa sociedade onde a mulher é senhora de seu próprio corpo – ela percebe em si os ciclos da natureza, ela dá à luz homens e mulheres e, sabe que o seu corpo é a fonte de seu prazer como a de seu companheiro.


Há um grau de liberdade muito grande entre os celtas, já que a mulher pode dispor de seus bens, pode divorciar-se e pode ou não aceitar as concubinas do marido, podendo ela também – dependendo de sua riqueza e posição social manter amantes.

Na sociedade Celta, são atribuídas à mulher três funções: ela é a Transformadora, a Iniciadora e a Finalizadora.

É pela liberdade de poder vivenciar a sua sexualidade que ela pode:

Transformar: a vida, dando à luz e dando prazer a si e ao seu companheiro;
Iniciar: nas artes divinatórias, nas práticas sexuais e por fim ser a
Finalizadora: a que faz chegar ao prazer e a que conduz ao outro mundo.


A consciência do próprio corpo – o conhecimento profundo de cada parte, de cada ciclo, de cada ponto onde se pode obter prazer – era comum entre as mulheres celtas que quando sentiam desejo por um homem, lhe ofereciam prazerosamente, a "amizade de suas coxas".

Mas toda essa liberdade para amarem e viverem em plenitude a sua sexualidade advém de uma consciência e uma responsabilidade para consigo e para com os outros membros de sua comunidade, o que contrasta com a repressão vivida pelas mulheres ocidentais hoje.


A circularidade e visibilidade da mulher na sociedade celta eram naturais o que provavelmente chocou os cristãos que trataram de impor os seus conceitos: virgindade indispensável e repressão dos desejos e instintos sexuais femininos.

Toda essa vivência é definida por Markale que resume e define a mulher celta e a sua sexualidade desta forma:


"Se a mulher ocidental moderna não é livre, Isolda, Grainné e Deirdré eram mulheres livres. A mulher celta era livre porque agia com plena consciência de suas responsabilidades. E sendo livres eram capazes de amar, pois o amor era um sentimento que escapava a todas as contrariedades e a todas as leis surgidas da razão, sendo livres podiam amar."


As Sacerdotisas Celtas

Na sociedade celta existiam as sacerdotisas que exerciam um papel mais relevante que a dos sacerdotes e magos. Naturalmente os celtas eram muito apegados à fertilidade, ao crescimento da família e ao aumento da produção dos animais domésticos e dos campos de produção e isto estava ligado directamente ao lado feminino da natureza.
Também a mulher é mais sensitiva do que o homem no que diz respeito às manifestações do sobrenatural, do lado sagrado da vida, portanto é obvio que elas canalizassem mais facilmente a energia nos cerimoniais, que fossem melhores intermediárias nas cerimónias sagradas.

Sabemos que foi através da Mulher que os povos Celtas se organizaram. Algumas mulheres, sentindo em si mesmas o Espírito dos seus Ancestrais e dos Deuses divulgaram essa Mensagem tornando-se Voluspas. Leitora do Oráculo e seu eco místico, a Mulher tornou-se legisladora e, com isso, poderosa: a voz da Voluspa era a voz Divina que vinha do ventre da Terra e ecoava por todo o sistema cósmico.
 

E o que pensava a Igreja Católica a respeito das Mulheres Celtas?


 
O catolicismo não aceitava a religião celta, pois sendo uma religião descendente do tronco Judaico colocava a mulher como algo inferior, responsabilizando-a pela queda do homem, pela perda do paraíso. Na realidade o lado esotérico da religião hebraica baniu o elemento feminino já desde a própria Trindade. Todas as Trindades das religiões antigas continham um lado feminino, à excepção da hebraica.

A Igreja Católica, derivada do hebraísmo ortodoxo, também mostrou ser uma religião essencialmente machista e como tal lhe era intolerável a admissão de uma Deusa Mãe, mesmo que esta simbolizasse a própria natureza, tanto que para Igreja Católica, “seu” Deus é uma figura masculina.
Mesmo que o Catolicismo assumisse uma posição machista isto não foi ensinado e nem praticado por Jesus. Ele na realidade valorizou bem a mulher e, por sinal, existe um belíssimo evangelho apócrifo denominado "O Evangelho da Mulher". Também nos primeiros séculos do Cristianismo a participação feminina era bem intensa. Entre os principais livros do Gnosticismo dos primeiros séculos, conforme consta nos achados arqueológicos da Biblioteca de Nag Hammadi consta o Evangelho de Maria Madalena mostrando que os evangelistas não foram apenas pessoas do sexo masculino.

Sabe-se que o papel de subalternidade do lado feminino dentro do Cristianismo foi oficializado a partir do I Concilio de Nicéia no ano 325. Aquele concílio, entre outras intenções visou o banimento da mulher dos actos litúrgicos da igreja. Ela só podia participar numa condição de subserviência. 

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