Mesmo
após tantos séculos, infelizmente vejo que muitas pessoas ainda cometem
graves equívocos em relação ao Caminho que decidi trilhar, o Paganismo.
Muitas delas afirmam erroneamente que pagão é quem não foi batizado
segundo as doutrinas cristãs, quem não possui uma religião (ateu) ou
quem cultua entidades malignas.
Eu
sempre digo à essas pessoas que a palavra "PAGÃO" vem do latim
"paganus", que é aquele que mora no "pagus", no campo, na Natureza. Mas
não é simples ensinar uma mente que já está formada. Por isso, eu
percebi que as pessoas mais idosas tem uma grande dificuldade de aceitar
o significado real do Paganismo – devido à sua formação cristã -,
enquanto as mais jovens, quando não agem com indiferença, aceitam
livremente. É uma pena, é claro, mas cada um tem o direito de crer no
que quiser - desde que não ofenda o ponto de vista alheio.
Bom, para quem não sabe o que é Paganismo, ou está confuso, vou explicar.
Primeiramente,
se considerarmos em termos religiosos, o Paganismo é o culto e o
respeito às forças da Natureza. Para nós, Pagãos, a Natureza não só está
viva, como está em tudo ao nosso redor, começando pelo ar que
respiramos. Ela é Sagrada, e nossos deuses e deusas atuam num perfeito
equilíbrio, oferecendo harmonia, paz e conforto àqueles que compreendem o
real significado de se respeitar a Natureza e tudo que nela habita.
Na
Idade Média, muitos Pagãos, assim como todos que não aceitavam seguir a
religião cristã, eram perseguidos pela Santa Inquisição e chamados por
eles de hereges. E não é segredo para ninguém as atrocidades cometidas
pela Inquisição naquela época, como torturas, humilhações e mortes
horrendas – nas fogueiras, por exemplo. No google há várias imagens que
retratam as torturas que os “hereges” sofriam, mas que prefiro não
colocar aqui.
Não
estamos mais na Idade Média, mas o preconceito contra o Paganismo
perpetuou na mente das pessoas até hoje, séculos após as perseguições e
torturas. E, se me permitem dizer, muitos daqueles que creem que o
Paganismo é algo ruim, mal sabem do que se trata, porque a própria
palavra já virou tabu há muito tempo.
Creio que não seja assim em todo lugar, mas onde eu moro certamente é.
Enfim,
costumamos nos referir às culturas pré-cristãs da Europa e das Américas
(apenas como exemplos clássicos) como "culturas pagãs". Mas poucas
pessoas hoje em dia ainda mantêm um contato direto com as tradições
originais do Paganismo, daí a necessidade de se diferenciar o Paganismo
original - surgido na Antiguidade - do novo paganismo, representado por
diversas correntes recentes.
Portanto,
para ser mais fácil de diferenciá-las, usamos o termo “neo-pagão”ou
seja, os novos pagãos - aqueles que seguem tradições
filosófico-espirituais inspiradas nos ensinamentos e valores das Antigas
Religiões. Dentre estas correntes neo-pagãs, sem dúvida duas ganham
destaque: a Wicca e o Neo-druidismo.
BRUXARIA TRADICIONAL
A
Bruxaria Tradicional tem suas raízes aprofundadas através do período
pré-histórico, podendo ser considerada em parte irmã e em parte filha de
antigas práticas e cultos xamânicos.
Historicamente,
tal e qual os xamãs, o papel social das bruxas tradicionais era
basicamente dividido entre a prestação de auxílio à população na cura de
problemas de saúde (problemas da carne, da psiquê e do espírito) e o
contato com os espíritos dos mortos e dos deuses (encaminhamento de
espíritos recém-desencarnados a seu destino, obtenção de favores da
Deusa e/ou dos Deuses, previsões do futuro para facilitar a tomada de
decisões tanto no nível pessoal quanto para a comunidade - neste último
caso a leitura do futuro seria para os chefes).
STREGHERIA
Stregheria, Stregoneria ou Bruxaria Italiana são os nomes dados a Velha Religião (Vecchia Religione) da região da Itália.
Culto
Pagão com origens nos velhos Mistérios Egeus-Mediterrâneos, a
Stregheria é uma Religião Iniciática composta de diversos Clãs
(Tradições), na maioria Hereditários e extremamente herméticos.
Vale ressaltar que Stregheria, ao contrário do que muitos erroneamente pensam, não é Tradição de Wicca.
O
Culto Streghe é um culto lunar, centrado nas Celebrações da Lua Cheia
(Veglioni), onde são feitas orações para Diana, cantos, danças e
banquetes de pães e vinhos.
A
maioria dos Clãs de Stregoneria são Politeístas, tendo um Panteão cheio
de Deuses, Semi-Deuses e Raças de Espíritos, todos eles criados das
deidades supremas que são Diana e Dianus Lucifero.
As bases dos mistérios Stregonesci vieram principalmente de influências Etruscas.
Existem
diversos Clãs dentro da Stregheria, entre os quais: Animulare, Tanarra,
Clã Nemorensino, Janare (Streghe de Benevento), Tradição Aridiana,
Tradição Ariciana, Fanarra, Mache, Bazure, Clã Umbrea etc.
TRADIÇÕES NÓRDICAS
As
tradições nórdicas se referem a uma religião pré-cristã, crenças e
lendas dos povos escandinavos, incluindo aqueles que se estabeleceram na
Islândia, onde a maioria das fontes escritas para a mitologia nórdica
foram construídas.
Esta
é a versão mais bem conhecida da mitologia comum germânica antiga, que
inclui também relações próximas com a mitologia anglo-saxônica.
Por sua vez, a mitologia germânica evoluiu a partir da antiga mitologia indo-européia.
A
mitologia nórdica é uma coleção de crenças e histórias compartilhadas
por tribos do norte da Germânia (atual Alemanha), sendo que sua
estrutura não designa uma religião no sentido comum da palavra, pois não
havia nenhuma reivindicação de escrituras que fossem inspirados por
algum ser divino.
A
mitologia foi transmitida oralmente principalmente durante a Era
viking, e o atual conhecimento sobre ela é baseado especialmente nos
Eddas e outros textos medievais escritos pouco depois da Cristianização.
DRUIDISMO
A
visão tradicional mostra os druidas como sacerdotes, mas isso na
verdade não é comprovado pelos textos clássicos, que os apresentam na
qualidade de filósofos (embora presidissem cerimônias religiosas, o que
pode soar conflitante).
O
druidismo procurava buscar o equilíbrio, ligando a vida pessoal à fonte
espiritual presente na Natureza, e dessa forma reconhecia oito períodos
ao longo do ano sendo quatro solares (masculinos) e quatro lunares
(femininos), marcados por cerimônias religiosas especiais.
A
sabedoria druídica era composta de um vasto número de versos aprendidos
de cor e conta-se que eram necessários cerca de 20 anos para que se
completasse o ciclo de estudos dos aspirantes a druidas.
Pode
ter havido um centro de ensino druídico na ilha de Anglesey (Ynis Mon,
em galês), mas nada se sabe sobre o que era ensinado ali. De sua
literatura oral (cânticos sagrados, fórmulas mágicas e encantamentos)
nada restou, sequer em tradução.
Mesmo
as lendas consideradas druídicas chegaram até nós através do prisma da
interpretação cristã, o que torna difícil determinar o sentido original
das mesmas.
As
tradições que ainda existem do que poderiam ter sido suas práticas
religiosas foram conservadas no meio rural e incluem a observância do
Halloween, rituais de colheita, plantas e animais que trazem boa ou má
sorte e coisas do gênero.
Todavia, mesmo tais tradições podem ter sido influenciadas pela cultura de povos vizinhos.
XAMANISMO
O xamanismo é um tipo de religião de povos asiáticos e árticos.
Embora
a palavra xamã tenha origem na tribo siberiana dos Tugus, não existe
origem histórica ou geográfica para o xamanismo, prática religiosa, de
cura e filosófica encontrada no mundo todo.
O
xamanismo trabalha com profundo respeito às forças da natureza, com
rituais vividos por qualquer tipo de pessoa, envolvendo cristais, fogo,
água, metal, madeira.
É um conceito de vida que busca no autoconhecimento a chave para o equilíbrio do ser.
O
sacerdote do xamanismo é o xamã, que entra em transe durante rituais
xamânicos, manifestando poderes aparentemente sobrenaturais, e invocando
espíritos da natureza.
A comunicação com estes aspectos sutis da natureza se processa através de estados alterados de consciência
O
xamã pode ser homem ou mulher, e sempre há na história pessoal desse
indivíduo um desafio, como uma doença física ou mental, que se configura
como um chamado, uma vocação.
Depois
disto há uma longa preparação, um aprendizado sobre plantas medicinais e
outros métodos de cura, e sobre técnicas para atingir o estado alterado
de consciência e formas de se proteger contra o descontrole.
O xamã é tido como um profundo conhecedor da natureza humana, tanto na parte física quanto psíquica.
WICCA
A
Wicca não é uma religião antiga, mas uma religião com bases antigas;
suas crenças foram fundadas no antigo Paganismo. É uma religião em que
não existem livros sagrados, nem profetas, hierarquia ou dogmas. Seus
seguidores possuem liberdade para discernir qual é o melhor caminho,
promovendo o respeito, a diversidade e o livre-arbítrio.
Também
conhecida por Religião da Deusa e Antiga Religião, a Wicca é uma
filosofia de origem pré-cristã baseada no princípio de criação feminino,
nos ciclos da natureza, como as fases lunares e as quatro estações,
revivendo o culto à Grande Deusa e aos Deuses Antigos.
O
conceito de Magia Wicca que se conhece atualmente, surgiu com os Celtas
no período neolítico; nas regiões da Irlanda, Inglaterra e País de
Gales, atingindo posteriormente a Itália e a França. Os Celtas surgiram
por volta de 2 mil anos antes de Cristo e provavelmente tiveram origem
entre os povos indo-europeus da Ásia. Apesar do povo celta ter se
espalhado por terras tão distantes, seus costumes não se fragmentaram.
Pois o idioma, a arte e a religião sedimentavam a base cultural.
A
raiz filosófica-espiritual dos celtas era baseada no Druidismo, uma
religião politeísta que reverenciava duas divindades principais: a Deusa
Mãe (chamada de Ceridwen), que representa a criação e a fecundação onde
todo o universo se originou; e seu filho, o Deus Cornífero (chamado de
Cernunos), o pólo masculino que representa a fertilização. A única forma
de alcançar as divindades era mantendo uma estreita relação com a
natureza. Até mesmo o calendário era orientado através da natureza. Os
celtas realizavam festivais ritualísticos celebrando suas divindades,
praticavam a agricultura e a cura através das ervas.
Na
organização social Celta, os Druidas eram os sacerdotes, guardiões das
tradições, cultura e teologia. A classe sacerdotal era dividida entre
homens e mulheres. Mas a cultura era essencialmente matriarcal. A
iniciação nos mistérios druídicos durava em média 20 anos e os
ensinamentos eram transmitidos oralmente, pois temiam que a palavra
escrita pudesse se tornar veículo de Magia incontrolável. Ao se espalhar
pela Europa, os celtas levaram suas crenças nativas que se combinaram
ao conjunto de crendices local, dando origem ao conceito primitivo da
Wicca.
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