Cigana Fátima Amaya

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Paganismo e algumas de suas vertentes



Mesmo após tantos séculos, infelizmente vejo que muitas pessoas ainda cometem graves equívocos em relação ao Caminho que decidi trilhar, o Paganismo. Muitas delas afirmam erroneamente que pagão é quem não foi batizado segundo as doutrinas cristãs, quem não possui uma religião (ateu) ou quem cultua entidades malignas.

Eu sempre digo à essas pessoas que a palavra "PAGÃO" vem do latim "paganus", que é aquele que mora no "pagus", no campo, na Natureza. Mas não é simples ensinar uma mente que já está formada. Por isso, eu percebi que as pessoas mais idosas tem uma grande dificuldade de aceitar o significado real do Paganismo – devido à sua formação cristã -, enquanto as mais jovens, quando não agem com indiferença, aceitam livremente. É uma pena, é claro, mas cada um tem o direito de crer no que quiser - desde que não ofenda o ponto de vista alheio.

Bom, para quem não sabe o que é Paganismo, ou está confuso, vou explicar.

Primeiramente, se considerarmos em termos religiosos, o Paganismo é o culto e o respeito às forças da Natureza. Para nós, Pagãos, a Natureza não só está viva, como está em tudo ao nosso redor, começando pelo ar que respiramos. Ela é Sagrada, e nossos deuses e deusas atuam num perfeito equilíbrio, oferecendo harmonia, paz e conforto àqueles que compreendem o real significado de se respeitar a Natureza e tudo que nela habita.


Na Idade Média, muitos Pagãos, assim como todos que não aceitavam seguir a religião cristã, eram perseguidos pela Santa Inquisição e chamados por eles de hereges. E não é segredo para ninguém as atrocidades cometidas pela Inquisição naquela época, como torturas, humilhações e mortes horrendas – nas fogueiras, por exemplo. No google há várias imagens que retratam as torturas que os “hereges” sofriam, mas que prefiro não colocar aqui.


Não estamos mais na Idade Média, mas o preconceito contra o Paganismo perpetuou na mente das pessoas até hoje, séculos após as perseguições e torturas. E, se me permitem dizer, muitos daqueles que creem que o Paganismo é algo ruim, mal sabem do que se trata, porque a própria palavra já virou tabu há muito tempo.
Creio que não seja assim em todo lugar, mas onde eu moro certamente é.


Enfim, costumamos nos referir às culturas pré-cristãs da Europa e das Américas (apenas como exemplos clássicos) como "culturas pagãs". Mas poucas pessoas hoje em dia ainda mantêm um contato direto com as tradições originais do Paganismo, daí a necessidade de se diferenciar o Paganismo original - surgido na Antiguidade - do novo paganismo, representado por diversas correntes recentes.

Portanto, para ser mais fácil de diferenciá-las, usamos o termo “neo-pagão”ou seja, os novos pagãos - aqueles que seguem tradições filosófico-espirituais inspiradas nos ensinamentos e valores das Antigas Religiões. Dentre estas correntes neo-pagãs, sem dúvida duas ganham destaque: a Wicca e o Neo-druidismo.




BRUXARIA TRADICIONAL

A Bruxaria Tradicional tem suas raízes aprofundadas através do período pré-histórico, podendo ser considerada em parte irmã e em parte filha de antigas práticas e cultos xamânicos.

Historicamente, tal e qual os xamãs, o papel social das bruxas tradicionais era basicamente dividido entre a prestação de auxílio à população na cura de problemas de saúde (problemas da carne, da psiquê e do espírito) e o contato com os espíritos dos mortos e dos deuses (encaminhamento de espíritos recém-desencarnados a seu destino, obtenção de favores da Deusa e/ou dos Deuses, previsões do futuro para facilitar a tomada de decisões tanto no nível pessoal quanto para a comunidade - neste último caso a leitura do futuro seria para os chefes).


STREGHERIA

Stregheria, Stregoneria ou Bruxaria Italiana são os nomes dados a Velha Religião (Vecchia Religione) da região da Itália.

Culto Pagão com origens nos velhos Mistérios Egeus-Mediterrâneos, a Stregheria é uma Religião Iniciática composta de diversos Clãs (Tradições), na maioria Hereditários e extremamente herméticos.

Vale ressaltar que Stregheria, ao contrário do que muitos erroneamente pensam, não é Tradição de Wicca.

O Culto Streghe é um culto lunar, centrado nas Celebrações da Lua Cheia (Veglioni), onde são feitas orações para Diana, cantos, danças e banquetes de pães e vinhos.

A maioria dos Clãs de Stregoneria são Politeístas, tendo um Panteão cheio de Deuses, Semi-Deuses e Raças de Espíritos, todos eles criados das deidades supremas que são Diana e Dianus Lucifero.

As bases dos mistérios Stregonesci vieram principalmente de influências Etruscas.

Existem diversos Clãs dentro da Stregheria, entre os quais: Animulare, Tanarra, Clã Nemorensino, Janare (Streghe de Benevento), Tradição Aridiana, Tradição Ariciana, Fanarra, Mache, Bazure, Clã Umbrea etc.




TRADIÇÕES NÓRDICAS

As tradições nórdicas se referem a uma religião pré-cristã, crenças e lendas dos povos escandinavos, incluindo aqueles que se estabeleceram na Islândia, onde a maioria das fontes escritas para a mitologia nórdica foram construídas.

Esta é a versão mais bem conhecida da mitologia comum germânica antiga, que inclui também relações próximas com a mitologia anglo-saxônica.
Por sua vez, a mitologia germânica evoluiu a partir da antiga mitologia indo-européia.

A mitologia nórdica é uma coleção de crenças e histórias compartilhadas por tribos do norte da Germânia (atual Alemanha), sendo que sua estrutura não designa uma religião no sentido comum da palavra, pois não havia nenhuma reivindicação de escrituras que fossem inspirados por algum ser divino.

A mitologia foi transmitida oralmente principalmente durante a Era viking, e o atual conhecimento sobre ela é baseado especialmente nos Eddas e outros textos medievais escritos pouco depois da Cristianização.


DRUIDISMO

A visão tradicional mostra os druidas como sacerdotes, mas isso na verdade não é comprovado pelos textos clássicos, que os apresentam na qualidade de filósofos (embora presidissem cerimônias religiosas, o que pode soar conflitante).

O druidismo procurava buscar o equilíbrio, ligando a vida pessoal à fonte espiritual presente na Natureza, e dessa forma reconhecia oito períodos ao longo do ano sendo quatro solares (masculinos) e quatro lunares (femininos), marcados por cerimônias religiosas especiais.

A sabedoria druídica era composta de um vasto número de versos aprendidos de cor e conta-se que eram necessários cerca de 20 anos para que se completasse o ciclo de estudos dos aspirantes a druidas.

Pode ter havido um centro de ensino druídico na ilha de Anglesey (Ynis Mon, em galês), mas nada se sabe sobre o que era ensinado ali. De sua literatura oral (cânticos sagrados, fórmulas mágicas e encantamentos) nada restou, sequer em tradução.
Mesmo as lendas consideradas druídicas chegaram até nós através do prisma da interpretação cristã, o que torna difícil determinar o sentido original das mesmas.

As tradições que ainda existem do que poderiam ter sido suas práticas religiosas foram conservadas no meio rural e incluem a observância do Halloween, rituais de colheita, plantas e animais que trazem boa ou má sorte e coisas do gênero.

Todavia, mesmo tais tradições podem ter sido influenciadas pela cultura de povos vizinhos.



XAMANISMO

O xamanismo é um tipo de religião de povos asiáticos e árticos.
Embora a palavra xamã tenha origem na tribo siberiana dos Tugus, não existe origem histórica ou geográfica para o xamanismo, prática religiosa, de cura e filosófica encontrada no mundo todo.
O xamanismo trabalha com profundo respeito às forças da natureza, com rituais vividos por qualquer tipo de pessoa, envolvendo cristais, fogo, água, metal, madeira.

É um conceito de vida que busca no autoconhecimento a chave para o equilíbrio do ser.

O sacerdote do xamanismo é o xamã, que entra em transe durante rituais xamânicos, manifestando poderes aparentemente sobrenaturais, e invocando espíritos da natureza.

A comunicação com estes aspectos sutis da natureza se processa através de estados alterados de consciência

O xamã pode ser homem ou mulher, e sempre há na história pessoal desse indivíduo um desafio, como uma doença física ou mental, que se configura como um chamado, uma vocação.

Depois disto há uma longa preparação, um aprendizado sobre plantas medicinais e outros métodos de cura, e sobre técnicas para atingir o estado alterado de consciência e formas de se proteger contra o descontrole.
O xamã é tido como um profundo conhecedor da natureza humana, tanto na parte física quanto psíquica.



WICCA

A Wicca não é uma religião antiga, mas uma religião com bases antigas; suas crenças foram fundadas no antigo Paganismo. É uma religião em que não existem livros sagrados, nem profetas, hierarquia ou dogmas. Seus seguidores possuem liberdade para discernir qual é o melhor caminho, promovendo o respeito, a diversidade e o livre-arbítrio.

Também conhecida por Religião da Deusa e Antiga Religião, a Wicca é uma filosofia de origem pré-cristã baseada no princípio de criação feminino, nos ciclos da natureza, como as fases lunares e as quatro estações, revivendo o culto à Grande Deusa e aos Deuses Antigos.

O conceito de Magia Wicca que se conhece atualmente, surgiu com os Celtas no período neolítico; nas regiões da Irlanda, Inglaterra e País de Gales, atingindo posteriormente a Itália e a França. Os Celtas surgiram por volta de 2 mil anos antes de Cristo e provavelmente tiveram origem entre os povos indo-europeus da Ásia. Apesar do povo celta ter se espalhado por terras tão distantes, seus costumes não se fragmentaram. Pois o idioma, a arte e a religião sedimentavam a base cultural.

A raiz filosófica-espiritual dos celtas era baseada no Druidismo, uma religião politeísta que reverenciava duas divindades principais: a Deusa Mãe (chamada de Ceridwen), que representa a criação e a fecundação onde todo o universo se originou; e seu filho, o Deus Cornífero (chamado de Cernunos), o pólo masculino que representa a fertilização. A única forma de alcançar as divindades era mantendo uma estreita relação com a natureza. Até mesmo o calendário era orientado através da natureza. Os celtas realizavam festivais ritualísticos celebrando suas divindades, praticavam a agricultura e a cura através das ervas.

Na organização social Celta, os Druidas eram os sacerdotes, guardiões das tradições, cultura e teologia. A classe sacerdotal era dividida entre homens e mulheres. Mas a cultura era essencialmente matriarcal. A iniciação nos mistérios druídicos durava em média 20 anos e os ensinamentos eram transmitidos oralmente, pois temiam que a palavra escrita pudesse se tornar veículo de Magia incontrolável. Ao se espalhar pela Europa, os celtas levaram suas crenças nativas que se combinaram ao conjunto de crendices local, dando origem ao conceito primitivo da Wicca.



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