Durante o período escolar nos ensinaram que a origem do
nome Brasil advém de certa madeira presente no litoral do país chamada
"pau-brasil", da qual se pode extrair um corante vermelho. Entretanto,
tanto este pigmento quanto o termo Brasil eram conhecidos bem antes da chegada
dos portugueses em terras brasileiras.
A origem do nome Brasil é bastante curiosa. O termo
"Hy-Brazil" já era
conhecido na literatura celta e gaulesa desde o século 8 (800 d.C.) e teria
sido uma ilha mitológica irlandesa
representada em muitos mapas do Oceano Atlântico entre 1325 a 1865. Após este
período algumas expedições da França e da Inglaterra partiram em busca desta
terra, mas não obtiveram sucesso.
Era crença, naquela época, que essa ilha ficava oculta
dos olhos humanos pela neblina - exceto por um dia a cada sete anos, quando se
tornava visível, mas ainda assim não podia ser alcançada.
O nome da ilha deriva do irlandês "Hy-Breasail" (ilha de Breasal),
relacionada a Breasal, um druida e mago dos sidhe (uma palavra gaélica que se
refere a pequenas colinas habitadas por espíritos da natureza).
Segundo a lenda, Breasal tentou construir uma torre até o
céu. Contratou homens para trabalhar para ele e pediu auxílio de Eithne, sua
irmã, por apenas um dia, mas ela resolveu lançar um feitiço para impedir o pôr
do sol enquanto a obra não fosse concluída. Não concordando com a atitude da
irmã, Breasal a violentou; com isso, o encanto foi quebrado e o sol se pôs.
Contrariada, a irmã lançou novo feitiço, evocando a escuridão eterna naquele
lugar.
Quando Breasal morreu, sua pira funerária foi deixada à
deriva no oceano, que o carregou até a ilha invisível "Hy-Breasail"
(imaginada como uma terra de prazer perpétuo e festejos) onde Breasal reinou
sobre os heróis que perderam a vida em batalha. Esta foi uma das mais
duradouras ilhas legendárias do Atlântico.
Em uma das versões medievais irlandesas, a Ilha de
Hy-Brazil teria sido visitada por São Brandão, um dos santos mais conhecidos da
Ordem Irlandesa.
O santo navegador, que viveu entre os anos 484 e 577,
teria descoberto e residido na Ilha de Hy-Brazil (também conhecida por Ilha de
São Brandão, Ilhas Afortunadas ou apenas Ilha do Brasil). Seu manuscrito mais
antigo data do século 10, intitulado Navigatio Sancti Brendani Abbatis ("A
Navegação do Abade São Brandão").
São Brandão teria descrito estas terras como local de
vegetação exuberante e animais exóticos (relato que inclusive coincide com as
primeiras impressões que os navegantes europeus tiveram do Brasil).
Ao longo dos séculos os oceanos contribuíram não apenas
como principal meio exploratório e mercantil, promovendo as comunicações
humanas: foram, sobretudo, o palco para a habitação de diversos seres
lendários, frutos da imaginação dos navegantes e exploradores, sendo inúmeras
vezes alvos das especulações sobre o que existiria além-mar.
Há alguns historiadores que afirmam que o nome Brasil teria provindo do imaginário
pré-cabralino e que teria sido utilizado pelos portugueses como mito
geopolítico. O historiador Ronaldo Vainfas, em um pequeno verbete para o
Dicionário do Brasil Colonial (Objetiva, 2000) apresenta sua visão sobre a Ilha
de Hy-Brazil:
"Considera-se hoje que ela nunca existiu ou foi uma
formação vulcânica temporária que fumegava e produzia o citado nevoeiro,
derramando lava em brasa - daí viria o nome 'Brasil'."
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